05 junho, 2006

LIN-DO!!! BO-NI-TO!!! DI-VI-NO!!!

03:00 da manhã de Sábado.
Uma das minhas amigas sentiu-se mal, tais eram os encontrões, calor e demais cheiros…
O espírito que tínhamos no inicio da tarde já não era o mesmo, a idade também já não é a de outros tempos, e lá acabamos por ceder às dores nas costas e sair com ela para longe da confusão.
A única vantagem de se estar longe da confusão é a possibilidade de termos uma ideia mais generalizada de tudo e todos, mas acho que foi o estarmos tão afastados do palco que levou a que a “pica” se fosse indo…
Depois de termos estado desde as 6 da tarde a curtir sons dispares – desde musica Brasileira, Portuguesa e Latina, o Sr. Pink Floyd – teve sabor a sono…
Jota Quest está um pouquinho afastado dos meus gostos pessoais, era muito calor aquela hora e nós estávamos famintos e sequiosos depois de 3 horas de viagem, quando o tempo que sobrou foi mesmo para mudar de roupa no Hotel - tal era a ânsia de chegarmos lá - “à cena”.
Quando chegamos ao recinto, fomos fazer a vistoria, e optamos por ir comer qualquer coisa à sombrinha e ficamo-nos pela visão dos ecrans e mexendo ao som longínquo mas ainda assim muito audível
Mas entretanto a sede já liquidada com o “Sagres Chop”, foi de corrermos para o concerto seguinte.
Conseguimos um sitio fantástico - não estávamos colados ao palco, mas estávamos suficientemente perto para vermos todos os músicos e dispensarmos os ecrans.
Eu amei Rui Veloso, sou muito patriota é verdade, mas não sou suspeita para falar, porque julgo conseguir separar as coisas.
Um artista TEM de se interiorizar com o público, tem de haver interacção, comunicação e isso aquele homem do Norte, tem para dar e vender. Ele estava passado com a quantidade de gente e ainda mais com o público que sabia, literalmente, de cor e salteado todas as letras. Abrir o concerto com o “Xico Fininho” foi fantástico e depois como tocou todos os demais hits…
O público era de todo o tipo, do meu lado direito uns putos queimavam um calhau e cantarolavam partes das letras enquanto se bamboleavam… Do meu lado esquerdo estava uma fulana dos seus 30 anos que chorava calmamente, em silêncio, com os olhos postos no palco…
Mas que é isto??? Como pode no mesmo sítios, sensações tão diferentes???
Fomos ainda mais para frente porque a seguir vinha Santana e não queríamos ninguém a chorar e, meus amigos, não há palavras para descrever o grande concerto que aqueles gajos deram! Aliás as palavras de ordem eram mesmo as de um cromo atrás de nós que só berrava monossílabos: LIN-DO!!!! BO-NI-TO!!! DI-VI-NO!!!
E tudo isto deixou-nos mesmo muito bem dispostos e alheios ao resto, tanto que quando vimos já eram 23:30 e nem nos apetecia sair para jantar. Mas a fome apertava.
Sair dali foi um erro grave, porque parecia que a maioria das pessoas foi lá para ver o Roger Waters.
Era TANTA gente, que foi impossível chegar depois perto do palco, e claro: tanta massa humana levou a que tivéssemos mesmo de passar ainda mais para trás.
Cá atrás o espectáculo era bem diferente. A quantidade de casais de meia idade que estavam simplesmente a delirar com aquele homem e aquelas músicas, levou-me a pensar que eu gostava muito de um dia ser/estar assim. Achei lindo ver pessoas de 60 e tais anos abraçadas, enamoradas, enroladas a dançar. Foi BO-NI-TO!
Era como se ali, naquele sítio, no meio de outros, as pessoas recuassem alguns anos, ao ponto de deitarem para trás tabus e beijarem-se novamente em público…
A meu ver, o melhor daquele homem “tão vedete - tão vedete”, que teve de fazer intervalo e nada falou connosco, foi mesmo as sensações que provocou nessas pessoas.
Claro que as grandes músicas, são sempre as grandes músicas, mas…
Não sei, foi muita balada para aquela hora da noite e a mim soou-me mais a Pink Lotion, e eu já estava tão “amaciada” que só me apeteceu sentar no chão e com os olhos fechados acabar aquela odisseia. Foi assim, completamente “rota” e já preparadinha para dormir que cheguei ao hotel ainda de cabeleira Rosa Chock na cabeça e depois de 4 horas de sono abri os olhos ainda com o “Maria mariaaaaa” na cabeça…

11 comentários:

Anónimo disse...

Honestamente, não gosto deste tipo de concertos, não vou comentar. Quanto às dores nas costas a que te rendes (e as tuas amigas também??) estão a mais. Não há idade. Já não há idade. Este verão promete, faz um favor a nós (gajas boas) e a ti mesma! Alarga os teus horizontes, permite-te ver o mundo com outros olhos, olha o que eu te digo, tudo pode mudar num instante....

Fortunata Godinho disse...

Ao Lodo,
É triste de facto cedermos aos males (menores - é certo) do corpo, mas lá está, como não gostas detse tipo de concertos, não podes compreender o que é estar de pé ou a dançar, durante 8 horas (more or less)...
Em relação ao teu pedido, não é favor algum, uma vez que há muito pretendo alargar os horizontes. E se o Verão promete, eu só espero poder cumprir...

Vítor Vilar disse...

Quando se curte à grande, como parece ter sido o caso, resta sorrir e ouvir a história! ;)
Se me permites que comente o post anterior: emigrar é uma forma de expansão cultural na qual Portugal é um dos piores executantes. Emigramos para guetos portugueses nos outros países e não é disso que certamente falas. A coragem de emigrar "anyway" é a mesma, embora a forma de encarar quem parte seja absolutamente diferente. Hoje, temos pena mas sabemos que a possibilidade de as coisas serem melhores para quem parte, é muito maior também. Mudar de emprego é a mesma coisa numa versão soft. Já mudei quatro vezes e por vezes irrito-me com quem me diz: "...mas tu estás bem!" porque pergunto logo a seguir: "E tu já arriscaste alguma vez aquilo que tens?"... Quanto ao Should I stay or should I go, cada um é de onde se sente bem, é a minha opinião.

Beijo Fortunata. É um prazer continuar a ler-te.

Vítor Vilar disse...

E só hoje reparei que não estavas linkada no meu blog!

Já está!

Sofia disse...

Ai Grande Rock in!!!!!!!

Rui disse...

Vi alguma coisa pela televisão, o que já foi muito bom. :)

Fortunata Godinho disse...

Ruizito, tens uma muito boa desculpa: Outros olhos ainda mal abertos, para onde olhar ;)

Ana disse...

Também já tinha vindo espreitar o teu recanto, ainda que nunca tivesse deixado um comentário... Isto de fazer espreitadelas rapidinhas tem de acalmar e prometo parar com olhos de ver ;)

alice disse...

boa tarde,

então é aqui que mora uma grande prima

eu já conhecia este blog

se não estou em erro, já trocamos comentários inclusivé

espero que esteja tudo bem contigo

votos de um bom feriado

um grande beijinho,

alice

Alberto Oliveira disse...

Não fui ao concerto porque na altura estava de serviço.
Mas o teu relato já deu para entender o que lá se passou. Eu, se lá estivesse, tinha-me passado.

Passa um óptimo fim de semana!!

Anónimo disse...

Hi,
Gostei do teu testemunho e partilho a emoção do n/ tão audível SANTANA, incrível tb a exibição do baterista, foi de facto "DI-VI-NO".
kissios