15 maio, 2007

A Planar

Num Sábado como outro qualquer, o sol brilhou mais, o vento soprou com forças, a Chuva veio e o Arco Irís mostrou-se. Parecia coincidência, tanta coisa duma vez só. Tudo isto foi num sábado como outro qualquer, mas eu e mais umas 20 pessoas, sorríamos mais, e ríamos à chuva, e cumprimentávamos o sol e sentíamos o ar fresco do vento com uma alegria imensa. Tudo porque estivemos, num sábado como outro qualquer, a ouvir gente interessante a falar de coisas interessantes num sitio deveras interessante, e saímos de lá a Planar! Eu sinto-me O B R I G A D A, porque desde que entrei para o Teatro Amador, tenho tido a imensa sorte de poder apreciar e participar em coisas interessantes – pelo menos para mim, claro está!
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O José Luis Peixoto escreveu já várias coisas, e escreveu um Romance que eu estou prestes a terminar - fazendo já aqui o role da minha ignorância, admito-vos que eu não conhecia, ou sequer ouvira falar dele até me terem oferecido “O cemitério de pianos”. Na altura quem mo ofereceu – pessoa que eu entendo ser muito entendida nesta coisas literárias, disse-me: «No futuro, este Senhor vai ser tão grande como o Saramago e ainda se vai ouvir muita gente falar muito dele!» Assim que terminei o que tinha em mão, peguei nele. Fantástico, de facto. Difícil de ler, mas ao mesmo tempo tão envolvente, que só dá vontade de ler e ler e ler. Eis que “às páginas tantas” (adoro esta frase-feita, perfeita aqui), fui ver a estreia de “Por detrás dos Montes” do Teatro Meridional no Teatro Nacional de São João, e enlevada como estava com a peça, devorei tudo o que existia nas brochuras da entrada, e então leio: Sábado, dia 12 Maio, Conversa com o escritor José Luis Peixoto a propósito da sua autoria de “À Manhã” (também em cena no TNSJ a partir de 10 Maio). 17:00 horas, entrada gratuita. Fiquei pasma e pensei, que oportunidade única. É num Sábado como outro qualquer. Venho, conheço, ouço, aprendo, converso, e ainda por cima não pago. Nem hesitei. E ainda bem. Cheguei em cima da hora, cruzei-me com ele no corredor e nem o reconheci – tão diferente que é da foto no Livro, sentei-me na maravilhosa sala do S. João. Estava pertinho pertinho deles, mesmo ao pé do palco e olho em frente e vejo: Natália Luiza, Miguel Seabra. Ainda estava de boca aberta quando olho em redor e vejo na sala, actores conhecidos, famosos, do Teatro, das Novelas, e no fundo da Sala o Director da Sala - Ricardo Pais. Que coisa! Bem, sem mais delongas, porque poderia ficar aqui horas a escrever sobre tudo, tenho de vos dizer apenas 4 coisinhas:xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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Agora que já vi também esta peça (e que magnífica peça), tenho de fazer a devida vénia ao Teatro Meridional. É fantástico, em tudo e por todo. Os Encenadores são brilhantes, há qualquer coisa neles que nos deixa a planar. Literalmente. Os Actores são excelentes. Fazerem ambos os trabalhos com tamanha entrega, sensibilidade, humor, amor… Sem palavras.
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O S. João é uma Sala Maravilhosa. Intensa. Envolvente. Carismática. Única. Como aliás foi lá dito pelos próprios: «É como se esta peça só funcionasse com esta encenação, estes autores, este público, nesta Sala!» xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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O José Luis Luis Peixoto, é sem duvida um grande escritor. É jovem, é humilde, é bem-humorado (contrariamente ao que se pensa após as criticas do público aos seus livros um tanto ou quanto tristes), e é ágil. Tão depressa escreve um Romance, como Poesia, e depois faz uma peça de teatro (aliás várias já), e está ali a falar com a gente, sobre a maravilhosa ruralidade Alentejana – donde veio e que tão bem conhece. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Estas iniciativas deviam, tinham, de ser bradadas por montes e vales. A paz, a sinceridade, a entrega e a humildade com que grandes personalidades ali nos receberam foi avassalador. A Natália Luiza tem mesmo aquela voz e aquele sorriso que exactamente se vê e se ouve. O Miguel Seabra falou de Teatro como emoção em todo o seu olhar, e o seu olhar abarca tudo. Acreditem. O José Luis Peixoto respondeu a todas as perguntas, sem fugir, sem rodeios, sem falsidades. E no fim, ainda conversou comigo quando lhe entreguei o meu Livro para um autógrafo. Foi mais longe, pôs uma linda dedicatória e desenhou um sol, para que eu não o achasse Sombrio, mas sim Solar. Como a Peça. Solar. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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E isto tudo foi num sábado como outro qualquer.