21 julho, 2006

É só fachada

(...) Abertura de uma cervejaria muito-muito no centro da Invicta. Casa antiga recuperada, bem ao pé de inúmeras Empresas que albergam diariamente centenas de colaboradores ávidos por uma hora (pelo menos) de descanso e satisfação alimentícia.
Distribuem-se cartões-convite de apresentação, estampa-se no dito papel que o estabelecimento oferece a bebida aquando da 1ª refeição, e depois faz-se isto chegar às mãos dos supostos clientes. O nome igualmente bem conseguido: Shakesbeer - Esta gente sabe o que faz!
Ora, quando a isto se junta o verdadeiro "disfruti", melhor ainda: Ele é uma fachada fantástica, esplanada à frente e atrás, uma decoração interior e exterior muito boa, empregados com bom aspecto e de roupa muito In, pratos convidativos, enfim... Tudo o que, com este bom tempo e no meio do horário laboral, automaticamente faz o Tuga correr de imediato.
Dias após a inauguração 2 colegas vão experimentar: "Uau! Que giro, que bom gosto, que investimento" no mínimo uns 200.000...
Mas, de repente, começa a saga: Menu que é bom - tá quieto! Apresentação dos pratos, saladas, sopas e sobremesas - tá quieto! Rapidez no atendimento (que é obrigatória nestes sítios à hora de almoço) - tá quieto!
Bem, lá se aceita a sugestão, sem se saber de preços nem de nada, e almoça-se razoavelmente,
mas espera-se muito e essa espera é demasiada.
Começam a surgir reclamações, pessoas a sair zangadas, empregados que esbracejam, dando ao cliente o mote: "o cliente nem sempre tem razão, mas nós temos sempre", e enfim, lá alguém vem alertar que há confusão, porque falhou a luz e...
Para pagar foi um suplicio tal a demora e falta de pagamento com cartão...Mas qual é o nº da vossa mesa ? (sim, porque aqueles dois clientes tinham obrigação de o saber)... Igual sofrimento foi com a conta: que contava apenas com 1 prato (não era dose, nem meia dose), uma água e um café, e que rondou os 3 Contos de Reis!!!
Chegados ao local de trabalho e comentam o sucedido e eis que logo surgem mais más experiências: um casal vai lá almoçar pela 1ª vez e aquando do pagamento mostra o tal cartão onde dizem que é oferecida a bebida: "Ah... Mas sabe, isso é só na 2ª visita..." Alegaram publicidade enganosa, mas de nada adiantou. Pagaram e não piaram. Mas pior: uma outra colega vai ver com os próprios olhos e não acredita que um sitio assim tão agradável, possa ser como ouviu: Exagero, concerteza. Era sexta feira e ocorreu-lhe que giro era festejar lá o aniversário do Pai. Explica a situação a alguém da Gerência indicado para as reservas, dá-lhes a dica que o Pai já tem alguma idade, que gostava que corresse tudo bem, blablabla... Faz reserva - dá nome e contacto, escolhe o prato e tudo! Mas chegado o Domingo... tãtãtã: Sabem o que aconteceu?
Correu tudo bem!!!
Sabem porquê? Porque foram almoçar a outro lado! É que a Shakesbeer estava fechada...
É só fachada, é o que eu digo...

07 julho, 2006

Esqueletos no armário e macaquinhos no sótão

Ninguém me perguntou nem me pediu nada, mas se querem a minha opinião, mais vale não guardar esqueletos no armário. A conversar é a que a gente se entende - nem que seja connosco mesmos. Aliás, pelo menos isso.
Não devemos guardar mágoas nem rancores, e muito menos mal entendidos.
Muito menos isso.
A falta de comunicação é no que dá.
E podem crer que as relações humanas são do mais complicado que existe.
E todos nós temos esqueletos nos armários e macaquinhos no sótão...
Então eu...
Podem não acreditar, mas ainda ontem, estive a retirar um esqueleto do meu armário.
Fui à garagem buscar o saco onde estavam as memórias de um antigo namorado - com o qual acabei há 11 anos!!!!

Queimei fotografias – literalmente, num cinzeiro que acabou por partir (sim, sim, foi tipo melodrama Sul Americano, mas não houve quaisquer lágrimas :)
Aliás, lá saltar o coração saltou, mas foi quando me levantei de impulso, porque pensei que o cinzeiro de vidro ia explodir e atingir-me e, que ainda por cima ia queimar o chão da varanda - o que por acaso acabou por acontecer - o chão queimado, não o resto.
Bom, depois assim que revi todas as ceninhas estúpidas que guardei, fui a correr às 11 da noite para o contentor do lixo…
E mais, pus num saco as prendas boas para dar a alguém e, até juntei um sobretudo que eu adorava e que foi a Mãe dele quem mo ofereceu na altura...
Enquanto fazia isto, só pensava nos meus 17 anos, quando namorei a sério pela 1ª vez, e de quando acabamos, a minha melhor amiga – meu ídolo em questões amorosas, me dizer:

- "Rasga! Deita tudo fora. Assim é melhor e já não ficas agarrada a isso.”
Na altura fi-lo de imediato, mas porque ela estava ali a olhar para mim, e eu a olhar para ela e a ver que ela tinha razão. Fi-lo, mas só me apeteceu não ter de o fazer.
Bom, a verdade é que mal não me fez, antes pelo contrário. A vida continuou e até se encarregou de nos levar ao encontro um do outro de novo, 7 anos mais tarde…
Então pensei: “se o fiz na altura, porque não arranjei coragem antes de hoje para o fazer com este outro? Só porque foi uma coisa mais madura? Mais séria? Mais longa? Nã! Há que acabar com isso.” E foi assim.
E tudo isto começou, porque a minha Mãe me dizia que não entendia como eu ainda tinha o “raio do casaco”… Bom, a verdade é que é muito giro e todos os Invernos o usei… Ou seja, pelo menos aquilo tinha tido uso. Mas volta e meia ela lá vinha com a história do sobretudo... E mal ou bem, eu sempre soube que ela tinha razão… Mas era tão giro… Agora, o pior não era o sobretudo – verdade??? Eram as coisinhas todas que “escondi” na garagem, longe da vista, mas ali bem à mão…
Ontem quando lhe disse o que finalmente pretendia fazer, sorriu e disse-me: "até vais rejuvenescer 10 anos quando te livrares daquilo!" (e acho que ela nem sonha que eu guardei o resto...) Está feito. menos um esqueleto. E ainda há a possibilidade de rejuvenescer 10 anos!!!
Bem, também não é que isto seja um feito extraordinário. Não é que andasse presa a esta acabada e enterrada relação, mas porque é que guardei aquelas tretas? PARA QUÊ?
Até porque depois dele, já me apaixonei perdidamente umas 3 ou 4 vezes e até cheguei achar que tinha encontrado “At last” o Homem da minha vida - mas não...
A cena é que eu sou muito assim, de recuerdos - dramas melosos com frases do género: Ai-um-dia-vou-rever-isto-e-não-sei-o-quê...”
Enfim…

Fi-lo ontem, já o deveria ter feito antes, mas ontem à noite disse "chega de medos" - era ridículo continuar a manter as coisas como estavam…
Agora podem perguntar-me, se me sinto melhor, ou menos pesada? Ou mais leve, ou mais esperançada? Não! De facto, não.
Mas sinto pelo menos que já não será por ainda "ter" aquilo tudo agarrado a mim, que as coisas possam não andar para a frente comigo.
You know...