17 setembro, 2007

1001 Eterane

Antes de tudo, peço desculpa pela demora, e também pelo tamanho e aparencia do texto - não consigo fazer isto melhor... aaaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaa

(...)
Quando a Caterrine decidiu vir connosco a Marrocos, eu fiquei super entusiasmada, porque afinal além da Tilt – minha companheira de tantas férias, eu não conhecia basicamente ninguém. Sim, porque ir com o Meia ou não ir, é a mesma coisa – tal é a companhia dele… E mais a mais eu já estava a fazer alguns filmes relacionados com os ditos amigos dele de Lisboa, principalmente com o Babe - gajo de Lisboa que estava a organizar tudo e que era a pessoa com quem eu mais falava em relação a Marrocos.
Mas então porquê os filmes? aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Porque eu adoro cinema mas os filmes onde me metem, dão sempre errado porque há uma certa tendência a haver algum “engendrar de esquemas”… Pelo menos no passado foi assim, e quando eu percebi que afinal o Meia não ia levar a mulher, e que do grupo da viagem, as gajas se resumiam a mim e às minhas duas amigas, comecei logo a fazer uma curta metragem, a sorte é que eu sou muito má realizadora… E além do mais, o Babe, nos e-mails, telefonemas e demais acções relacionadas com a viagem, sempre se mostrou uma pessoa muito equilibrada, boa onda e até simpatizava com ele, mas quando pensava na ligação dele ao Meia, ficava um pouco boquiaberta, tamanhas me pareciam as diferenças. aaaa
Bom, filme em stand by – pelo menos até à concretização da viagem, e coração ao alto, lá vamos nós. As expectativas relacionadas com Marrocos eram imensas, mas devo admitir que para a maioria de nós, foi o plano da Caterrine que nos fez definir the Real goal: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aa
- Dormir no meio do deserto, em reais tendas Berberes, com o verdadeiro povo nómada.
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
A viagem começou no Porto com as gajas e o Meia de carro, até à capital onde nos iamos encontrar e conhecer os outros viajantes: o Babe, o Casablanca (tipo Lisboeta que morava há 4 anos em Marrocos) e o Pachá. Os outros dois, eram um casal de estrangeiros, mas só iriam aparecer depois – A Noelle e o Michael (ela Francesa ele Alemão). Posto isto, avançamos em direcção ao Algarve para na manhã seguinte irmos apanhar o Ferry que nos levaria até Marrocos. Chegamos, alugamos os Jipes e fomos buscar os “Estranjas”. De imediato se criou muita empatia entre todos, mas houve a necessidade de dividir as pessoas pelos veículos e criaram-se então dois grupos: A Tilt e a Caterrine iriam com o Pachá o Casablanca e o Meia, e eu e o Babe, iríamos com o Michael e a Noelle – porque falávamos melhor Inglês (…)
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
A 1ª paragem foi em Casablanca, e posso dizer-vos que só não foi maior a desilusão (há sempre aquela cena do Bogart na nossa cabeça, não é?), porque já nos tinham avisado que aquilo não tem absolutamente NADA para ver… Daí seguimos viagem para Marraquexe. UAU: é maravilhoso! Aquela Medina é uma coisa! A confusão no meio das “ruelas”, as mulheres tapadas, o comércio, as bicicletas, as carroças, as motas, os carros… Tudo se vê e se vende naquelas ruas, mas a poluição atmosférica é simplesmente indesmentível e indescritível! Não há contudo nada que me fizesse gostar menos daquilo. Principalmente porque no centro de tudo aquilo, o paraíso:
O Riad! Ai o Riad…Alugamos quartos num sitio aconselhado no Guia da Lonely Planet (que eu tinha na prateleira há 3 anos – tamanha a demora na concretização desta viagem), e não nos arrependemos: Estes sítios - muito comuns nestas paragens, são casas privadas, com um jardinzinho no meio, um quintal, uma “piscininha”… Lembro-me tão bem da beleza daquela decoração - os panos brancos para tapar o Sol estendidos por cima das camas do terraço, as buganvílias brancas a imacularem ainda mais o sitio, a musica de fundo, a massagem oriental que nos fizeram (tivemos de pagar – claro!), o silencio… Infelizmente não aproveitamos grande coisa da cidade em si, porque andávamos sempre cheios de sono, tais eram as horas a que nos deitávamos e as horas a que nos levantávamos, e como não prescindi da massagem…
Bom, dali fomos para outro dos pontos fulcrais da viagem: fazer de jipe as trilhas do deserto… Meu Deus, que sacrifício. E que dor no peito tão grande, ao ver a vida daquele povo… Aqueles sorrisos, aqueles olhares, aquelas mãos… A fome, a falta de condições... Meu Deus, que projectos têm aquelas crianças? A Mãe a tirar da mão do menino uma bolacha que eu mesma dera ao filho - o que me deixou danada, mas afinal era para repartir pelas outros filhotes… Quase chorei. E o pior é que não tínhamos mais nada de comer para lhes dar… Adiante. aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Em relação à aventura de jipe nas trilhas… Bom, digamos que deixei de achar grande moca a partir da 1ª hora de solavancos, calor, e outras vontades juvenis de “sacar peões”, mas há que manter os espírito de grupo, e então lá seguimos – plenamente convencidos que não nos iríamos perder, mas claro, quais mapas, GPS ou bússola – o Babe bem me tentava acalmar mostrando-me a direcção com a bússola por cima do mapa: - “vês? Não estamos perdidos, estamos a dirigir-nos para Leste” – “Sim? E há um minuto não era afinal para Norte que era a direcção correcta?” – Sorria e tentava desdramatizar, mas eu estava-me a passar: um calor infernal num jipe que estava completamente avariado, porque nada funcionava: o AC não funcionava bem como o rádio! Mas não era só a rádio que não se ouvia, porque comprámos cassetes e estas também não tocavam… aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Olhava para a carinha da Caterrine, e os nosso cúmplices olhares mostravam que só pensávamos que nunca iríamos conseguir chegar a tempo ao deserto para a nossa noite Berbere – já estávamos perdidos há duas horas… aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
O cansaço, a sede, a fome, o calor, o calor, ah, e o calor também…
Depois era a DOIDA VARRIDA da Noelle, que era uma tipa muito fixe – entenda-se, mas que com os seus 25 aninhos (…), tinha uma aversão em ficar para trás, e então só queria conduzir tipo louca sem adrenalina suficiente que a satisfizesse, e fazer daquela trilha uma pista de F1 em pleno deserto Marroquino, com o intuito de ultrapassar a todo o custo o outro carro: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
- “We must be the best team! Com’on guys!” E claro, tanto andou tanto fez, que quando finalmente chegamos a “porto seguro”, a bateria estava partida a meio (literalmente), as borrachas de protecção de 3 das 4 portas estavam descoladas, bem como um pedaço de uma cena qualquer do tejadilho que voou – algures nas trilhas do deserto (pode ser que um daqueles miúdos que apareciam como que por magia, no meio das rochas do deserto, a tenha achado e tenha feito uma estaca grandinha, para colocar mais visível a dita placa de orientação – “que era impossível não ver”- diziam-nos eles num Francês muito Marroquino (que quase ninguém entendia – nem a Noelle, só o Casablanca mesmo), mas a placa era tão irrisoriamente pequena, que estava no chão e, de dentro do jipe nem a conseguíamos ver… aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Bom, quando finalmente vimos os Dromedários, os sorrisos nas nossas caras era já uma luz. Aqueles olhares felizes entre todos, apesar do imenso cansaço, era já um sinal. O sinal para uma das melhores noites da minha vida: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
- A inesquecível noite no deserto das mil e umas estrelas: 1001 Eterane!
Íamos fazer uma cena linda: Sun Set - Sun Rise. Sairíamos para o deserto ao fim da tarde, andaríamos de Dromedários 1 horita (que depois se dobrou, pq tivemos de parar duas vezes, tal era o conforto daquele meio de transporte…), jantaríamos e dormiríamos nas tendas, e então regressaríamos no dia seguinte. Mas foi melhor! Foi maravilhosamente melhor! Nem o SUPLÍCIO de andar naquele bichinho, me fez mudar de opinião. O que vivemos foi tão grande, tão especial, tão natural, tão lindo, tão lindo… aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
No final do magnifico jantar - uma Tagine (estufado de frango ou borrego) em nada parecida com as fracas Tagines de Marraquexe, fomos ouvi-los tocar tambor.
Olhei à volta e só via dunas e dunas e dunas e dunas… Metros e metros de altura, a imensidão daquele sítio. Observei toda a gente de todos os lados, vi a alegria da Caterrine deslumbrada a dançar ao som dos tambores, vi a paz na expressão da Tilt, vi o sorriso do Babe a olhar para mim, vi a cara de descanso do Casablanca - que tinha muito receio desta coisa de dormir no meio daquela gente, e pensei: isto é 1000! aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Mas ainda havia mais de 1000 – não acabava ali aquele momento impressionante, de repente começámos a vê-los levar colchões, roupa de cama, almofadas (eles levavam de tudo o que possam imaginar nas bolsas pendentes dos dromedários), para dentro das tendas, e então pensamos: Bute mas é para as dunas! Vamos dormir ao relento. E meus caros: dormir ao relento, ali, com aquela temperatura, com aquela brisa, na areia das dunas do deserto Sahara, e olhar para o céu e ver as estrelas, e pensar: “só me falta o Amor aqui”… E sabem que mais? Afinal ele já lá estava: bem ao meu lado a olhar para mim e a fazer-me festinhas nas pontas do cabelo – mas isso é outra grande história! aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa E acordar ali? Abrir os olhos e ver a aurora do Sahara (pronto, admito que abri os olhos e vi o Flash da câmara do Casablanca nas mãos do Pachá, a tirar peligrafias ao pessoal ainda a dormir - mas pronto, para não estragar o relato, até porque as ditas fotos estão LINDAS, vamos fazer de conta que acordei com o brilho solar…), participar do nascer do sol e ter ao meu lado pessoas assim tão especiais e tão queridas, fez-me agradecer (juro!) a Deus ou a Allah.
E mais palavras para quê? Trouxe tanta coisa na bagagem mental desta viagem, que seriam precisos muitos Posts para descrever tudo! Mas o melhor, o maior de tudo, a memória que jamais se apagará, foi de facto aquela noite, com aquelas pessoas, naquele sítio.
Tá bem, “prontos”: E foi o Amor que encontrei perdido no deserto, na sua 1ª forma de pedrinha fossilizada. aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
1001 Eterane *