22 maio, 2006

Shoul i stay or should i go

Sempre me acusaram de jogar mais pelo seguro que pelo risco ou pela aventura.
É verdade. Assim sou.
Tenho receio de trocar o certo pelo incerto, mas isto é o que sinto, e não o que queria sentir, porque racionalmente discordo desta visão que tenho. Ou que julgo ter.
Numa altura em que, pelo menos cá, as coisas não estão fáceis a nenhum nível, e muito menos a nível de empregos penso sempre que sou afortunada e que devo é continuar a trabalhar e bem.
Mas depois vem o pensamento do costume, e se mudasse? Os convites vão surgindo, mas por receio de arriscar – como sempre, deixa-me muito indecisa, tão indecisa que acabo por não me decidir a arriscar e fico. Como estou. Nem mal nem bem, mas pelo menos não pior.
Este tipo de atitude não irá concerteza ajudar-me a evoluir.
Aí, lembro-me dos meus amigos que arriscaram, que apostaram tanto que até emigraram.
Suiça, Itália, EUA, Brasil, Alemanha…
Emigrar…
Quando venho de uma viagem, em cujo País ou cidade o meu coração ficou, como a Cidade Mindelo, como o Rio de Janeiro e ainda como Londres, penso que adoraria ir. Ir. Simplesmente bazar daqui e ver gente nova, crescer lá fora, para voltar depois. Sempre o regresso.
Não me imagino longe da minha terra por muito tempo.
Mas depois concluo que dificilmente o faria sozinha, aliás é mais que certo que não emigraria, muito menos sem alguém atrás…
Dos tais amigos que saíram de cá (9) apenas 3 já regressaram, o que quer dizer que se calhar valeu a pena… Mas também devo dizer que os outros que ficaram lá fora, ficaram também com uma aliança a alguém local, ou já saíram de cá com uma no dedo…
Lá está…
Julgo que ainda está no sangue Português emigrar, mas considero que hoje em dia, a nossa geração tem algum receio. É uma incongruência porque afinal agora arrisca-se muito menos.
Se calhar jogamos mais, mas apostamos menos, pensamos pequeno…
Na minha família não houve emigrações, não somos de uma linhagem de emigrantes.
Se calhar é isso. Mas o que queria dizer é que admiro quem o faz/fez e quem luta e não teme a mudança.
A minha Mãe costuma dizer: “quem muda Deus ajuda”, mas acabo sempre por dizer que é um alto risco. E não arrisco.
Estamos muito apegados ao emprego certinho, à casa que já temos, à família que nos acolhe, aos amigos que temos e não sabemos se faremos melhor noutro sitio.
Oiço diariamente histórias escandalosas de pessoas que perderam tudo. Trocaram de emprego e afinal o outro não deu. Revoltaram-se contra a Entidade Patronal e agora não se amanham em mais lado nenhum. Meteram uma baixa mais prolongada e agora népia.
Ainda em relação a quem arrisca mais e não só muda de emprego, como muda de País, recordo o sentimento que fica em quem fica… A dor de ter o filho lá fora, os netos, a incapacidade de matar as saudades nas férias e ainda a falta de compreensão por tamanho desapego à terra, à família, faz com que as pressões surjam e de repente os telefonemas viram discussão e os reencontros trazem muitas lágrimas.
Mas e para quem vai? É nisto que eu penso.
Claro que cá todos sentem a falta, mas não será que lá fora estas saudades não são maiores ainda? Viver numa cidade diferente da nossa, trabalhar em sítios que domina uma língua que se calhar não dominamos, adaptarmo-nos ao clima menos temperado, a mentalidades diferentes… Honestamente a estes, a minha vénia e os votos de que não desistam daquilo por que lutam, mas já agora o desejo de que regressem depressa que as saudades apertam…
Mas e então em que ficamos?
Será que deveríamos ir? Sem medo que nos impedisse de andar?
Já os Clash o perguntavam e se calhar eu ouvi demasiadas vezes aquela canção…

8 comentários:

Anónimo disse...

Olá Sínia!
Adorei o teu post! É sem dúvida uma homenagem aos nossos emigrantes. Acredita que também tenho amigos nessa condição. Uns tornaram a emigração mais definitiva e nunca mais regressaram, outros vão regressando, por curtos períodos de férias. Tenho amigos nos EUA, em Israel, em Londres, na Holanda... e acredita que muitas vezes a saudade aperta. Pior quando eles vêm cá têm a família toda para visitar e então é quase uma missão impossível combinar qualquer coisa.
Sei do sentimento que falas, mas eu talvez por ter nascido fora de Portugal, sou mesmo mais desenraízada... tive um ano e tal a estudar em Londres e adorei!
Senti-me em casa, regressei porque na altura não arranjava emprego, mas se calhar se tivesse esperado e apostado mais hoje estaria bem melhor, ou não... Tento sempre na minha vida não ficar com os "ses" por resolver, tipo " e se eu tivesse feito isto... ou aquilo".`Não te vou dizer que não me magoo, ou não me arrependi, mas ficar com a dúvida acho que é bem pior...
Jinhos e um xi da Calaia

Anónimo disse...

Olá!
Adorei o teu post! É sem dúvida uma homenagem aos nossos emigrantes. Acredita que também tenho amigos nessa condição. Uns tornaram a emigração mais definitiva e nunca mais regressaram, outros vão regressando, por curtos períodos de férias. Tenho amigos nos EUA, em Israel, em Londres, na Holanda... e acredita que muitas vezes a saudade aperta. Pior quando eles vêm cá têm a família toda para visitar e então é quase uma missão impossível combinar qualquer coisa.
Sei do sentimento que falas, mas eu talvez por ter nascido fora de Portugal, sou mesmo mais desenraízada... tive um ano e tal a estudar em Londres e adorei!
Senti-me em casa, regressei porque na altura não arranjava emprego, mas se calhar se tivesse esperado e apostado mais hoje estaria bem melhor, ou não... Tento sempre na minha vida não ficar com os "ses" por resolver, tipo " e se eu tivesse feito isto... ou aquilo".`Não te vou dizer que não me magoo, ou não me arrependi, mas ficar com a dúvida acho que é bem pior...
Jinhos e um xi da Calaia

Sofia disse...

A Calaia tem razão " a duvida" é sempre pior. Arrisca pois quem nao arrisca nao petisca, nao é como se diz?

Nós estaremos sempre aqui, SEMPRE!

bjs querida

Rui disse...

Talvez seja uma questão de tempo, de oportunidade.
Eu saí de casa, larguei tudo assim que terminei a Universidade. Fui para longe. Era algo que tinha que fazer, mas era, também, algo que podia fazer. Hoje até posso pensar em partir, mas já não posso, já não é assim tão simples. Tenho que pensar em todas as coisas em que falas, e quando as coisas são muitas, dificilmente partimos.

Na canção do Clash, ele pergunta a ela o que deve fazer. Parece não querer escolher. Nestas coisas, não há nada como sermos nós a decidir.

Maria Liberdade disse...

Sou como tu... assusta-me mt a mudança e acomodo-me. E nem sempre estou bem. Costumavam gozar comigo quando era mais nova pois até a partida para férias me fazia confusão. Hoje felizmente estou melhor.

Mas, não é fácil, sobretudo se estamos sozinhas. Com alguem é sp mais fácil. E deixar alguem é sp dificil/impossivel.

O que for que decidas: boa sorte.

Fortunata Godinho disse...

À Silvia, ao Rui, e a todos os outros que "me comentaram":
Eu não estou a passar por nenhuma fase de decisão importante, mas é como se estivesse a ponderar se não o deveria fazer... Só isso.
De qualquer modo, muito obrigada pelas palavras de apoio!
São sempre úteis!

Fortunata Godinho disse...

Isto não tem nada a ver com o Post, mas vejam lá se percebem:
Não sei como nem porquê, mas a dita barra lateral onde aparecem os links, arquivos e perfil, mudaram-se para o fim da página, obrigando-me a definir um limite de 2 post por página, para que apareça em cima como dantes... Pelo que estive a ler no "help", isto tem a ver com o tamanho dos Posts, mas já os comparei com outros muito mais longos e até mesmo com alguns meus anteriores muito maiores, em que isto não aconteceu... Será que alguém me pode dar uma ajudinha em relação a isto? Obrigada!

Alberto Oliveira disse...

Olá Fortunata!

Lamento não poder ajudar-te, porque também não sei o que se passa. Mas uma coisa é certa; esse template que escolheste oferece esse problema que eventualmente pode ser resolvido com uma ferramenta que desconheço. Digo isto, porque experimentei no início do meu blog esse template e desisti dele...

O risco faz parte da nossa vida e não só na área de decisões laborais ou de emigrar para outro país. Embora o aconselhamento ou troca de opiniões com familiares, amigos ou até fontes institucionais, seja importante, a decisão de facto deve pertencer ao próprio. Neste momento, nem se poderá falar de risco muito alto, se o destino se limita à comunidade europeia; os salários são sempre mais elevados que em Portugal e uma Alemanha está a umas horas de avião daqui. Claro que são necessários cuidados antes de partir.
Mas parece-me que a grande questão não se prende com o receio mas sim com o modo de ser de cada um de nós; há quem assuma com o maior dos à-vontades uma mudança de emprego de um dia para o outro. E há quem pese tanto, tanto um problema desse género que acaba por não o concretizar.
Vou terminar que o comment já vai longo. Gostei de te ver lá pelo Papel de Fantasia. Bom fom de semana!