26 junho, 2006

A de amizade

Já tive tantos amigos, que adorei, que adoro, e que não estimei ao ponto de os manter…
Já tive tantos supostos amigos, que estimei demais ao ponto de concluir que deveriam ir…
Já tive tantos amigos que perdi e que recuperei. Verdade!
E já outros tive que fiz, conquistei e mantive, ao ponto de os ter ainda, volvidos que estão 10, 12, 15, 17 anos…
Hoje reconquistei uma amizade que julguei perdida. Perdia por mim. Mea culpa.
Só por isto, só por isto, ganhei o meu dia, a semana e quem sabe quanto mais.
O problema é o do costume, exijo demasiadamente a entrega do outro, e tal como eu me entrego – como em tudo na minha vida, não espero nada menos do lado de lá.
O problema maior é o do costume também: a falta de comunicação. O supor que supus que o outro supõe… e depois está tudo errado, tudo trocado…
O menor problema, é que apesar de ser muito orgulhosa, não o sou ao ponto de guardar rancor seja do que for, seja por quem for… Pelo menos numa fase posterior ao acontecimento… Isto já fez com que eu procurasse arrependimento num acto meu egoísta e despreocupado. Isto também já fez com que eu perdoasse uma má atitude, considerando que não passava de “uma questão de atitude” e retomasse a amizade.
E isto até já fez com que eu engolisse um boi, para reconquistar a amizade de uma Paixão surgida entre amigos que a estragou e, que a Paixão em nada deu e, fosse eu (sou sempre eu, acho eu…) a dar o 1º passo e pôr tudo em partos limpos.
O Moral da história, é o de sempre também: Falar, ouvir, criticar, aceitar e escutar o coração. Se ele nos pede uma oportunidade, ir atrás é o melhor caminho para andar em frente.
A verdade, é que sempre perdi amores, sempre perdi amigos, mas a mágoa de uma amizade fere mais fundo que a de um amor. Sabem porquê?
Porque sem amor podemos não ser ninguém, mas sem amigos, não há amor que nos console!
(espero lembrar-me disto numa próxima, sim, porque há sempre uma próxima vez…)

19 junho, 2006

Botar p'ra fora

Pensei que devia escrever qualquer coisa – mais que uma vontade latente, é algo que me faz bem. Mas depois indaguei-me acerca do que deveria escrever. Devo escrever algo que as pessoas gostem e queiram ler.
E lá vêm os “deverias”… As regras rígidas e inflexíveis que teimo em não quebrar…
A verdade é que não tenho nada acerca do que escrever, porque neste últimos tempos não tenho tido grandes coisas na minha vida.
Sinto actualmente, erradamente já sei, que ando aqui quase que como por andar… Ainda não descobri o meu lugar aqui, ou então já percebi que é um mero lugar como o de tantos outros e como queria mais, sinto-me insatisfeita.
É isso.
Sempre pensei que com esta idade já estaria com a vida minimamente delineada, provavelmente casada, ou pelo menos acompanhada, que teria filhos, etc…
Não tenho companhia, mas companhia mesmo, há tanto já, que me sinto a anos luz de estar casada ou verdadeiramente acompanhada.
Os anos passam e com eles a nossa capacidade (das mulheres), em gerar uma vida vai diminuindo cada vez mais, enquanto o risco de uma gravidez complicada, aumenta cada vez mais – pelo menos no caso de um 1º filho.
Tenho a minha casa própria, mas olho para ela e penso que gostava era de a ter cheia e como lá estou sozinha, passo a vida a “fugir” para a casa dos meus Pais.
Tenho o meu carro, mas a gasolina está tão cara que passo a vida a andar de Metro.
Tenho montes de amigos, e vários são AMIGOS mesmo, mas aborreço-os com estas minhas crises existenciais e é como se já não tivéssemos mais que dar uns aos outros. E cansamo-nos uns dos outros e a vontade é de conhecer mais gente, mas sabendo sempre que temos ali o nosso porto seguro.
E faço parte de uma família tão unida, tão feliz, que só me faz pena ver que com a minha idade os meus Pais já tinham 2 filhos quase adolescentes e a sua vida mais que traçada, e eu népia… Consumo-me porque gostava de cumprir com os desejos sinceros e desesperantes da minha Mãe que só queria um neto (ao ponto de já me ter dito, que mais valia eu ter engravidado do meu ultimo namoro e apesar de já não estarmos juntos, me disse: “olha, a criança já estava nascida meio-criada”… a Minha Mãe, que eu saiba não sabe se sou virgem ou não (…)
E o meu Pai… O meu Pai provavelmente olha para mim e não entende também, mas como é homem, desvaloriza o que nós (sobre)valorizamos. Ou não, ou não.
E isto assim continua…
(bem isto já me está a soar a novela rasca venezuelana, até parece que a minha vida é uma tristeza só…)
Depois penso que devia ler mais, ler livros melhores e meditar. Mas disse: BASTA. Estou cheia de pensar. O meu mal é pensar demais, até porque 90% das vezes penso mal, tiro ilações erradas e concluo coisas estúpidas). E mais a mais: que mal têm os livros “light”?

E o que é isso de livros light? Para dureza já nos basta a vida (lá está: falo como se a minha vida fosse uma dureza…), e há é que ler coisas bem dispostas, ou leves, ou verdadeiras, ou tão práticas que poderiam ser reais, tão reais que poderia ser eu a escreve-las.
A estupidez maior é que não sei porque me encontro assim agora.
Está tudo igual na minha vida. Graças a Deus tenho trabalho, tenho perspectivas, tenho saúde, tenho amigos, e até tenho carinha, corpinho e gostinho e algumas viagens na mala, então porquê agora este desânimo?
A coisa é mesmo essa: desânimo, como se não soubesse o que ando aqui a fazer, o que quero da vida e o motivo de tanta insegurança em relação ao meu futuro, como se me sentisse impotente perante tanto mundo, tanta coisa a fazer e nada me motivasse.
É estranho mas é como se eu andasse ansiosa pela minha vida… Faz sentido?
Só espero que isto seja uma fase que passe depressa, porque eu quero mais é “ganas de viver”!

( E não é que me fez bem escrever? Até já me sinto pateta por tudo o que disse – pelo menos “botei” pra fora o que me ia aqui dentro!)

05 junho, 2006

LIN-DO!!! BO-NI-TO!!! DI-VI-NO!!!

03:00 da manhã de Sábado.
Uma das minhas amigas sentiu-se mal, tais eram os encontrões, calor e demais cheiros…
O espírito que tínhamos no inicio da tarde já não era o mesmo, a idade também já não é a de outros tempos, e lá acabamos por ceder às dores nas costas e sair com ela para longe da confusão.
A única vantagem de se estar longe da confusão é a possibilidade de termos uma ideia mais generalizada de tudo e todos, mas acho que foi o estarmos tão afastados do palco que levou a que a “pica” se fosse indo…
Depois de termos estado desde as 6 da tarde a curtir sons dispares – desde musica Brasileira, Portuguesa e Latina, o Sr. Pink Floyd – teve sabor a sono…
Jota Quest está um pouquinho afastado dos meus gostos pessoais, era muito calor aquela hora e nós estávamos famintos e sequiosos depois de 3 horas de viagem, quando o tempo que sobrou foi mesmo para mudar de roupa no Hotel - tal era a ânsia de chegarmos lá - “à cena”.
Quando chegamos ao recinto, fomos fazer a vistoria, e optamos por ir comer qualquer coisa à sombrinha e ficamo-nos pela visão dos ecrans e mexendo ao som longínquo mas ainda assim muito audível
Mas entretanto a sede já liquidada com o “Sagres Chop”, foi de corrermos para o concerto seguinte.
Conseguimos um sitio fantástico - não estávamos colados ao palco, mas estávamos suficientemente perto para vermos todos os músicos e dispensarmos os ecrans.
Eu amei Rui Veloso, sou muito patriota é verdade, mas não sou suspeita para falar, porque julgo conseguir separar as coisas.
Um artista TEM de se interiorizar com o público, tem de haver interacção, comunicação e isso aquele homem do Norte, tem para dar e vender. Ele estava passado com a quantidade de gente e ainda mais com o público que sabia, literalmente, de cor e salteado todas as letras. Abrir o concerto com o “Xico Fininho” foi fantástico e depois como tocou todos os demais hits…
O público era de todo o tipo, do meu lado direito uns putos queimavam um calhau e cantarolavam partes das letras enquanto se bamboleavam… Do meu lado esquerdo estava uma fulana dos seus 30 anos que chorava calmamente, em silêncio, com os olhos postos no palco…
Mas que é isto??? Como pode no mesmo sítios, sensações tão diferentes???
Fomos ainda mais para frente porque a seguir vinha Santana e não queríamos ninguém a chorar e, meus amigos, não há palavras para descrever o grande concerto que aqueles gajos deram! Aliás as palavras de ordem eram mesmo as de um cromo atrás de nós que só berrava monossílabos: LIN-DO!!!! BO-NI-TO!!! DI-VI-NO!!!
E tudo isto deixou-nos mesmo muito bem dispostos e alheios ao resto, tanto que quando vimos já eram 23:30 e nem nos apetecia sair para jantar. Mas a fome apertava.
Sair dali foi um erro grave, porque parecia que a maioria das pessoas foi lá para ver o Roger Waters.
Era TANTA gente, que foi impossível chegar depois perto do palco, e claro: tanta massa humana levou a que tivéssemos mesmo de passar ainda mais para trás.
Cá atrás o espectáculo era bem diferente. A quantidade de casais de meia idade que estavam simplesmente a delirar com aquele homem e aquelas músicas, levou-me a pensar que eu gostava muito de um dia ser/estar assim. Achei lindo ver pessoas de 60 e tais anos abraçadas, enamoradas, enroladas a dançar. Foi BO-NI-TO!
Era como se ali, naquele sítio, no meio de outros, as pessoas recuassem alguns anos, ao ponto de deitarem para trás tabus e beijarem-se novamente em público…
A meu ver, o melhor daquele homem “tão vedete - tão vedete”, que teve de fazer intervalo e nada falou connosco, foi mesmo as sensações que provocou nessas pessoas.
Claro que as grandes músicas, são sempre as grandes músicas, mas…
Não sei, foi muita balada para aquela hora da noite e a mim soou-me mais a Pink Lotion, e eu já estava tão “amaciada” que só me apeteceu sentar no chão e com os olhos fechados acabar aquela odisseia. Foi assim, completamente “rota” e já preparadinha para dormir que cheguei ao hotel ainda de cabeleira Rosa Chock na cabeça e depois de 4 horas de sono abri os olhos ainda com o “Maria mariaaaaa” na cabeça…