09 novembro, 2007

Paris de mãos dadas

Paris era como um sonho antigo, tão antigo era que estava prestes a virar apenas um sono bom.
Sempre pensei em Paris como aquela cidade onde se vai apaixonada, onde se vive um Amor, onde nos enamoramos eternamente, sei lá… O sitio onde tudo acontece.
Por este motivo, ir a Paris era mais que um sonho, era uma fantasia.
Mas mais: ir a Paris com o “mon Amourzinho”, fazer tudo o que fizemos, sentir tudo a dois e viver aquilo como se um só fossemos, era um utopia, logo não fazia parte dos planos.
Estar ali, assim tão plenamente acompanhada era uma sorte tal, que eu jamais me julgara assim abonada, mas a vida, surpreendentemente, às vezes dá-nos coisas realmente boas...
Eu fiz Paris de mãos dadas...


Como tudo o que brilha com luz própria, aquela cidade não precisa de realce algum.
Paris não é a frase feita da cidade-luz. Paris é a luz da Luz - tem uma velocidade impressionante no que concerne a Arte, Espectáculos, Museus, Actividades, etc., mas também tem uma lentidão exageradamente demorada, como quem se espreguiça numa cama lavada.
Paris, é isto. Paris é uma incoerência, mas acima de tudo, Paris é um pormenor enorme!
E o pormenor é tudo:
- A Luz fosca dos candeeiros ao entardecer, a luz cintilante da Torre Eiffel à noite, a luz matutina a cortar o nevoeiro e o friozinho da manhã, e é ainda a luz do Sol que sempre acaba por espreitar num improvável fim de tarde.

Passando aos factos, que vocês já estarão fartos desta melancolia toda, como fazer um apanhado desta indescritível viagem? Tudo o que disser ficará aquém do que foi na realidade, mas pode-se tentar…

Chegamos a Paris, Sorriso nos lábios, brilhosinho nos olhos! Tentava absorver tudo, só me apetecia ir logo procurar uma Boulangerie, tomar um café e ler um livro num banco qualquer.
Achei de imediato tudo lindo, e feita uma patetinha que nunca saíra da sua terrinha, sorria para todos os lados, não me importava de andar horas a pé (com uma meia elástica – sem comentários), dormir pouquinho, e pagar toujours 5€ pour un miserable expresso…
Até tentava falar Francês, aliás, tentávamos (…) «Je pesse pardon!»

Bom, a verdade é que não sei por onde começar…
Hum… Museus?
Não vou dizer que gostei mais do Louvre e da Monalisa que possui, só porque sim, ou porque o Dan Brown não sei lá o quê…
E o que é a Vénus de Milo ao pé da escultura de Canova do L’Amour et Psyché?
A Monalisa é a Monalisa, e já agora, para mim ela está a sorrir (independentemente das recentes descobertas de cientistas através do tal programa especial que “lê” as expressões de felicidade e infelicidade nos seres humanos…), ela sorri, mas não como eu sorri ao ver o Le bal du Moulin de la Galette do Renoir… ou ate mesmo os tectos do seu Museu - que são de cortar a respiração.

MAS, mas, se me pedirem escolhas, tops dos tops, etc, terei dificuldade, é certo, mas suponho que acabarei por desiludir alguns de vós – nada de mais. Também eu me desiludi nas “pré-escolhas” – mas é sempre assim, não é?
O Louvre é de uma dimensão enorme, é oponente, é demorado (sabiam que para o vermos integralmente precisamos de 9 meses?!), mas tem depois o pormenor do cafezinho, já fora do edifício, mas que se volta de frente para a linda pirâmide de vidro; O tal cafezinho, que lá se pode escrever coisas de Amor no verso de um marcador de um livro…

Museu?
Museu é o de Orsay. Não terei palavras para explicar. Pensar que construíram assim tão magistralmente uma simples estação de comboios… Como? Como é possível? É tão sumptuoso na sua arquitectura como nas suas obras. É grandioso. Lá está é uma grandiosidade que aqui de facto nos atinge em cheio. É grande como os braços abertos de Jesus Cristo no Sacré Cœur!
E já que se fala disto…
Catedral? Não, não é Notre Damme, é grande, mas não grandiosa. Lá perdi-me não nos pormenores dos seus magníficos Vitrais (também não estava um dia sol…), mas sim na fealdade maravilhosa dos seus Gárgulas – se ainda tivesse visto o Quasi Modo…
E um Monumento, um monumento? Bom, está é realmente dificil…

É tudo tão lindo! Tão LINDO! Desde os gradeamentos aos jardins, desde as portadas às varandas, desde as árvores às flores dos parapeitos… Os dourados das incontáveis estátuas, a beleza das pontes do Seine... Tudo…
Mas pronto, se é para eleger, pronto: A Opera de Garnier. Mon Dieu de la France! Quem me dera ter ido à sua inauguração! Imagino-me com um vestido de roda até aos pés, e o espartilho muito apertadinho e tudo o mais! Ai, que coisa! Bom, usar esta indumentária aí ou em Versailles…
Realmente! Eu só quis ser princesa e rodopiar por ali.

E por falar em rodopiar…
Romeu e Julieta, em ballet. Pela Opera Nacional de Paris, na sua nova casa. As nossas mãos dadas, o arrepio no braço, a leveza do toque – lembras-te? Acho que não preciso dizer mais nada…
Melhor refeição? Esta é fácil – também com aqueles preços, até os Croque Monsieurs em Trocadero deveriam ser um manjar divinal. Mas “A” refeição foi no Ciel de Paris, no 56º andar da Torre de Montparnasse. Ou la la!

Agora, querem saber uma das coisas que mais me surpreendeu? O espectáculo no Lido.
Achei que ia lá, para ver mais um show erótico que outra coisa, pois bem. Fiquei maravilhada.
Essa noite foi maravilhosa. Nessa noite, senti-me maravilhosa. Dessa noite trouxe uma recordação maravilhosa. Um “Agora ou nunca” vindo dos lábios dele, e que me levou à pista de dança ao som de uma fantástica orquestra.
Quiça não foi a dança da minha vida?

Não há um ponto alto da viagem, porque de facto foi TUDO, “tão bom, tão belo”… Foi tudo eterno. Mas posso dizer que houve, sim, momentos de uma felicidade tal, de uma alegria no olhar, de uma cumplicidade com as pedras da calçada, que fecho os olhos e:
- Montmartre! La Place du Tertre! E vêm-me as lágrimas aos olhos.
- A Roda na Place de la Concorde! Paris aos nossos pés! E vêm-me as lágrimas aos olhos.
- Jantar no Barco a passear pelas margens do Seine! E vêm-me as lágrimas aos olhos.
- A pista de dança do Lido e a caneta que gravou o momento! E vêm-me as lágrimas aos olhos.
- A escultura da Camille Claudelle no Museu do Rodin! E vêm-me as lágrimas aos olhos.
Mas lá está, uma vez mais: A sensação causada em mim por esta artista, mas na casa de outro (o outro que na realidade fez dela a outra e a negou…)
Contudo isto é mesmo assim! Fiquei tão feliz, tão FELIZ por ter descoberto a Camille (desconhecia por completo a sua existência e a sua obra). A Camille teve um peso brutal no meu olhar pasmo para aquela Peça: “Le fin de l’age de l’Amour”… Mas Mr. Auguste Rodin não lhe fica atrás – Têm indiscutivelmente (!) magnitude as suas peças, como se vê na beleza do seu “Beijo”, e no entanto o que mais me tocou na sua obra foi a “Mão de Deus” ou a Eva a ouvir o seu Sermão.

A viagem teve outros momentos dignos de registo, como logo no primeiro, termos de saltar as barreiras do Metro porque não tínhamos bilhete… Ou fugir do jardim labiríntico do Louvre, quando nos apercebemos que pululavam cabeças dos seus meandros devido à impressionante prostituição nocturna masculina (era ve-los a surgir do nada, do meio dos arbustos… só visto!)… Ou então atrasar o já curto sono, só para terminar o livro das cheias Parisienses…
E subir e descer as escadas do Metro com Malas e trolleys e carry on?
Ou o procurar a estátua do Escriba sentado na imensidão do Louvre – um Filme!!!!

E ficou tanto por ver! Do plano inicial, falhou a Saint Chapelle, La defense, Saint Germain de Près, a voltinha no Carrossel, Les Invalides, o Panteão…
Só houve mesmo duas coisas, que não faço a mínima intenção de rever: O Museu do Picasso e o Cemitério de Père-Lachaise (que frustração aquele túmulo do Óscar Wilde, cujo Epitáfio me levou a procura-lo e depois nada se vê, que não sejam marcas de baton…)

Enfin. C’est tout mes amies.
Só me resta agradecer…
Je t’aime mon amour! Mercie pour ces vacances.
JTM

17 comentários:

Rui disse...

Com Lisboa tão perto, foi para paris... pffff
Há cá isso tudo, para melhor. Até temos uma Avenida Paris e tudo.

Fortunata Godinho disse...

É por isso que eu quero me mudar para aí...

Rui disse...

Assim é que se escreve!

Sofia disse...

Paris a mim recorda-me a minha adolescência. Fui de viagem de estudo lá pelo colégio, estava no 11º ano. Além de Paris conheci tudo à volta, o vale do Loire, O Luxemburgo, os Alpes... mas Paris de facto, marcou-me. Lembra-me liberdade, lembra-me inocência feliz, lembra-me amizade, lembra-me alegria. A ti lembra-te amor ;).
Ai que invejaaaaaaaaaaaaa....!

bjs pims

Fortunata Godinho disse...

Pims,
O que vale é que eu sei que é uma inveja boa! Eu por exemplo invejo-te por ter conhecido Paris há tanto tempo, e eu apenas agora. De qualquer modo, valeu a espera :)

Rui disse...

Como eu te percebo em relação a não conseguires gravar as mensagens. Quando era novo e tinha juízo também nunca consegui gravar um disco. Uma frustração que só ouvido.

O concerto do Peter Murphy era uma desculpa excelente para ir país acima, mas não calha numa altura nada boa - e eu que gosto tanto da música dele e não o vejo em concerto há... 12/13 anos (chiça!). Não me parece que vá ser desta, infelizmente. Mas a ida está prometida e havemos de ir.
E tu também podes cá vir - prometo que te levo a Paris... à avenida.

Maria Liberdade disse...

Pois Paris é assim. Acho que não vale a pena ir lá sem se ir apaixonado. Muito apaixonado. E vir de lá ainda mais apaixonado. Partilho o Museu d'Orsay... Comida, só me lembro de Mac Donalds... A malta era pobre...

Alberto Oliveira disse...

... uma vez tinha de ser a primeira e in love melhor terá sido. Confesso que as duas cidades a que mais se associa a exaltação do amor (Paris e Veneza) me deixam um pedaço indiferente (e não é porque não me apaixone ou não esteja apaixonado, ressalve-se!) no tempo actual talvez porque se vão descobrindo outras não tão reclamadas pelos roteiros turísticos, mas não menos interessantes para a prática dos sentidos. Mas Paris, é e será sempre uma referência, sem dúvida.

Se a memória não me atraiçoa, este ano ainda não fui aí a cima e... já não devo ir. E a Pims lembrar-se-á que temos aprazada de há longo tempo, a degustação de uma francesinha(risos). Mas também se pode pôr a questão de um encontro geral em Lisboa com apresentações formais e risos ainda mais.

Não. Não apaguei nenhum comment teu. Deve ter sido num dia em que as comunicações estiveram em greve, porque no Rui aconteceu-te o mesmo.

Prontos. E porque o comment vai longo e a manhã ainda é uma criança, vai ter com o teu amor que eu vou ter com a minha amada.

Sorrisos e óptimo domingo!

Anónimo disse...

Até me deu arrepios ler...
Vieram-me as lágrimas aos olhos ao sentir a tua emoção.
Gostava de estar lá contigo, outra vez. Mas é impossível repetir!

Depois de Marrocos, Paris.
A próxima viagem - Itália. Ou será China?
Será que vamos conseguir manter este nível de sensações inesqueciveis?
Acredito que sim.
Vivemos cada viagem com uma intensidade como se cada dia fosse o último das nossas vidas - Carpe Diem.
Porque somos iguais. Eternamente apaixonados pela vida e por aqueles que a compartem connosco.

Até à próxima... Mon Amour

Maria Liberdade disse...

PRONTO E AGORA É ASSIM... ficamos assim em Paris... de mãos dadas... :)

Alberto Oliveira disse...

Maria Liberdade:

Não vale a pena gastares o teu latim que isto é assim (rima e é verdade): A Pims e a Fortunata, quando gostam dum sítio, é mesmo à séria! Ninguém as arranca de lá. Paris e o Oriente estão para ficar. Esperemos que se lembrem de voltar ao solo pátrio!

E agora estica lá esse pescoço e cantemos a uma voz o hino nacional (ó pá! não é nada disso! essa música é do Rodrigo Leão!) Vá lá:

Heróis do mar
nobre povo
nação valente...

Fortunata Godinho disse...

:)
É isso tudo.
Sr. Legivel, obrigada pelo girissimo comentário.

Prometo, que até ao final da semana, publico. Tem de ser...

Rui disse...

Legível,

Se ela está de mãos dadas, como pode escrever?

Maria Liberdade disse...

:) Cantemos mais...

Alberto Oliveira disse...

... de mãos dadas?! ah! sim (que cabeça a minha... )

Cantemos mais, bora lá!


(agora até me tratam por senhor... um dia destes a Isabel dos ingleses até me arma cavaleiro.. )

isabel disse...

É bom reler estas andanças todas! Paris não é bonito.....é MÁGICO!
Mas escreve-se (lição gratuita nº1) MercY pour ces vacances ;)

Vai lá ver aos teus caderninhos...ou seria Je te remercIE pour ces vacances....shiiiuuuu

Fortunata Godinho disse...

Ups...
Mon Dieu - nem eu acredito em tão grave erro.
Mercy!
(sim o que queria dizer era remercie pour ces vacances - só pra me armar...
:)